sábado, 14 de maio de 2011

Norma culta ou ação oculta: novos livros do MEC


      No rol dos diversos assuntos de calamidade da educação brasileira acrescenta-se o mais novo: livros do MEC agora usam uma didática focada nos erros de português.

      Parece que a cada dia identifico aspectos da estrutura da educação oferecendo sinais de que ela não só está mal, mas que o seu nível de qualidade decai a cada fase do tempo.

      Dentro da ideia que escrever é "pensar duas vezes", identifico que ler um escrito é "fazer pensar duas vezes". Bom, até aqui tudo bem. Mas o fato é que o estudante só pode pensar de forma construtiva, ou com o poder de abstração, se ele já tiver o seu conhecimento de conceitos solidificados. E dai vem a minha pergunta: "Como o aluno vai ter uma boa interação na aprendizagem se o livro lhe oferece normatizações e não normatizações para aprender? Ou seja, o certo e o errado tudo junto?" O errado é a construção própria do educando enquanto identificação do conceito, ou seja, apresentar o errado é um sinal para ensinar o errado!

      Uma resposta para esse questionamento seria dizer que o professor, enquanto mediador da aprendizagem, é o solucionador de qualquer dúvida. Bom, dai surgem outras perguntas: "O professor está com essa bola toda atualmente?" , "A Educação brasileira está tendo uma eficiente formação continuada para o professor suprir essa dita pedagogia diferencial?", "Esse novo livro surgiu para suprir a deficiência mais geral da educação pública?"

      Tantas ações que poderiam estar sendo implementadas e o MEC preferiu "inovar" em um meio auxiliar de aprendizagem (livro), que não apresentava problemas gerais e que, agora, no meu ver, vai ser mais um interferente na relação ensino-aprendizagem.

      Bom, leiam as publicações abaixo e tirem as suas próprias conclusões.


      Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado (Poder Online)

      Livro didático de língua portuguesa adotado pelo MEC (Ministério da Educação) ensina aluno do ensino fundamental a usar a “norma popular da língua portuguesa”.

      O volume Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, mostra ao aluno que não há necessidade de se seguir a norma culta para a regra da concordância. Os autores usam a frase “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” para exemplificar que, na variedade popular, só “o fato de haver a palavra os (plural) já indica que se trata de mais de um livro”. Em um outro exemplo, os autores mostram que não há nenhum problema em se falar “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”.

       Ao defender o uso da língua popular, os autores afirmam que as regras da norma culta não levam em consideração a chamada língua viva. E destacam em um dos trechos do livro: “Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para norma culta como padrão de correção de todas as formas lingüísticas”.

       E mais: segundo os autores, o estudante pode correr o risco “de ser vítima de preconceito linguístico” caso não use a norma culta. O livro da editora Global foi aprovado pelo MEC por meio do Programa Nacional do Livro Didático.

       Atualizado às 16h20: Em entrevista ao iG, uma das autoras do livro, a professora Heloísa Ramos, declarou que a intenção era deixar aluno à vontade por conhecer apenas a linguagem popular e não ensinar errado.


      Livro distribuído pelo MEC defende errar concordância (Folha.Com)

(livro usado pelo MEC)

      Um livro didático para jovens e adultos distribuído pelo MEC a 4.236 escolas do país reacendeu a discussão sobre como registrar as diferenças entre o discurso oral e o escrito sem resvalar em preconceito, mas ensinando a norma culta da língua.

       Um capítulo do livro "Por uma Vida Melhor", da ONG Ação Educativa, uma das mais respeitadas na área, diz que, na variedade linguística popular, pode-se dizer "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado".

      Em sua página 15, o texto afirma, conforme revelou o site IG: "Você pode estar se perguntando: 'Mas eu posso falar os livro?'. Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico".

     Segundo o MEC, o livro está em acordo com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) --normas a serem seguidas por todas as escolas e livros didáticos.

      "A escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma 'certa' de falar, a que parece com a escrita; e o de que a escrita é o espelho da fala", afirma o texto dos PCNs.

     "Essas duas crenças produziram uma prática de mutilação cultural que, além de desvalorizar a forma de falar do aluno, denota desconhecimento de que a escrita de uma língua não corresponde inteiramente a nenhum de seus dialetos", continua.
Heloísa Ramos, uma das autoras do livro, disse que a citação polêmica está num capítulo que descreve as diferenças entre escrever e falar, mas que a coleção não ignora que "cabe à escola ensinar as convenções ortográficas e as características da variedade linguística de prestígio".

      O linguista Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, critica os PCNs.
"Há uma confusão entre o que se espera da pesquisa de um cientista e a tarefa de um professor. Se o professor diz que o aluno pode continuar falando 'nós vai' porque isso não está errado, então esse é o pior tipo de pedagogia, a da mesmice cultural", diz.

     "Se um indivíduo vai para a escola, é porque busca ascensão social. E isso demanda da escola que lhe ensine novas formas de pensar, agir e falar", continua Bechara.

     Pasquale Cipro Neto, colunista da Folha, alerta para o risco de exageros. "Uma coisa é manifestar preconceito contra quem quer que seja por causa da expressão que ela usa. Mas isso não quer dizer que qualquer variedade da língua é adequada a qualquer situação."


      Material e portal do MEC têm erros de ortografia (Folha.Com)

      REYNALDO TUROLLO JR.
      COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

      Em página que dá acesso à coleção de livros Explorando o Ensino, voltada para professores da educação básica, o portal do Ministério da Educação na internet grafava, até esta segunda-feira (18), o nome da disciplina "lingua portuguêsa" sem acento agudo em "língua" e com um acento inexistente em "portuguesa". O MEC corrigiu à tarde a grafia das palavras, depois de ser procurado pela reportagem.

     Na capa do livro de língua portuguesa, disponível para download no portal, a palavra "lingua" também aparecia sem acento. O arquivo foi tirado do ar momentaneamente e voltou a estar disponível hoje, com a ortografia correta na capa, informou a assessoria do ministério.

     O MEC não quis divulgar quem são os responsáveis pelo conteúdo do portal, nem desde quando o erro estava no ar. A assessoria limitou-se a dizer que "o portal está em constante processo de atualização e revisão".

      O órgão também não respondeu se os livros com o erro na capa foram impressos. No próprio portal, porém, um texto diz que o material deve chegar a todas as escolas da rede pública do país no início do segundo semestre. O ministério não informou se vai ter de refazer as capas.

      PADRONIZAÇÃO

      Para o professor Pasquale Cipro Neto, a gravidade de erros de ortografia "depende do território em que eles estão". "É desejável que, em documentos oficiais, a grafia seja a oficial, se não vira bagunça", diz. A questão, para ele, é de padronização.

      "Mário de Andrade dizia que não tinha nada contra 'jente' com 'j', desde que todos escrevessem assim", brinca.

      A palavra "portuguesa" perdeu o acento circunflexo no acordo ortográfico que entrou em vigor em 18 de dezembro de 1971. Segundo o professor, no entanto, a mudança parece não ter sido "totalmente absorvida".

     "Eu comparo as mudanças ortográficas a garrafas pet. Elas levam centenas de anos para serem absorvidas pela natureza." As últimas mudanças na ortografia da língua portuguesa foram implantadas no Brasil por um acordo regulamentado em 29 de setembro de 2008, e passaram a valer em 1º de janeiro de 2009.

       O revisor Leonardo Fatore diz que erros de ortografia não devem ser minimizados. Ele trabalhou como examinador de concursos públicos em São Paulo e afirma que, em geral, um terço da nota da redação de um candidato depende da ortografia. "Os erros são contados numericamente. Um erro de ortografia numa redação tem o mesmo peso de um erro de concordância, por exemplo."

      A assessoria do MEC não quis informar o peso da ortografia na prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

      Não foi a primeira vez que documentos do ministério apresentaram erros dessa natureza. Na última edição do exame, o cartão de confirmação de inscrição trazia, na seção "informações importantes", a palavra "extrangeiros" grafada com "x".



Referência Bibliográfica:

http://colunistas.ig.com.br/poderonline/2011/05/12/livro-usado-pelo-mec-ensina-aluno-a-falar-errado/ em 12 de maio de 2011;

http://www.correiodoestado.com.br/noticias/livro-distribuido-pelo-mec-defende-errar-concordancia_110672/ em 14 de maio de 2011;

http://www1.folha.uol.com.br/saber/904630-material-e-portal-do-mec-tem-erros-de-ortografia.shtml em 19 de maio de 2011.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Mensagem para refletir

Conta-se que um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades,
possuía alguns cavalos para ajudar no trabalho de sua fazenda.

Um dia, o capataz lhe trouxe a notícia que um de seus cavalos havia
caído num velho poço abandonado.

O buraco era muito fundo e seria difícil tirar o animal de lá. O
fazendeiro avaliou a situação e certificou-se de que o cavalo estava
vivo. Mas pela dificuldade e o alto custo para retirá-lo do fundo do
poço, decidiu que não valia a pena investir no resgate.

Chamou o capataz e ordenou que sacrificasse o animal soterrando-o ali mesmo. O capataz chamou alguns empregados e orientou-os para que jogassem terra sobre o cavalo até que o encobrissem totalmente e o poço não oferecesse mais perigo aos outros animais.

No entanto, na medida que a terra caía sobre seu dorso, o cavalo se sacudia e a derrubava no chão e ia pisando sobre ela.

Logo os homens perceberam que o animal não se deixava soterrar, mas, ao contrário, estava subindo à medida que a terra caía, até que , finalmente, conseguiu sair...".

Muitas vezes nós nos sentimos como se estivéssemos no fundo do poço
e, de quebra, ainda temos a impressão de que estão tentando nos
soterrar para sempre. É como se o mundo jogasse sobre nós a terra da
incompreensão, da falta de oportunidade, da desvalorização, do
desprezo e da indiferença. Nesses momentos difíceis, é importante que
lembremos da lição profunda da história do cavalo e façamos a nossa
parte para sair da dificuldade.

Afinal, se permitimos chegar ao fundo do poço, só nos restam duas
opções:

Ou nos servimos dele como ponto de apoio para o impulso que nos
levará ao topo; - Ou nos deixamos ficar ali até que a morte nos
encontre. É importante que, se estamos nos sentindo soterrar,
sacudamos a terra e a aproveitemos para subir.
Ademais, em todas as situações difíceis que enfrentamos na vida,
temos o apoio incondicional de Deus, do qual podemos nos aproximar
através da oração.

terça-feira, 3 de maio de 2011

OBJETOS DE APRENDIZAGEM


     Na educação tradicional, livros, apostilas, transparências, revistas, CDs, slides, dentre outros são meios auxiliares de ensino que auxiliam no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, oferecendo ao aluno elementos de apoio na sua construção do seu conhecimento.

    Já na educação focada em tecnologias interativas, novas mídias surgem, diferenciando-se dos meios tradicionais e oferecendo novas opções ao professor. Dentro dessas tecnologias, os objetos de aprendizagem aparecem como elementos interessantes nas aplicações educacionais. De acordo com o Learning Objects Metadata Workgroup, objetos de aprendizagem (Learning Objects) podem ser definidos por "qualquer entidade, digital ou não digital, que possa ser utilizada, reutilizada ou referenciada durante o aprendizado suportado por tecnologias".



Objetos de aprendizagem elaborados e construídos pelo
NOA - Núcleo de Construção de Objetos de Aprendizagem

       O Núcleo de Construção de Objetos de Aprendizagem faz parte da Universidade Federal da Paraíba, sendo que parte desses objetos foram construídos para concorrer aos editais do PAPED, para concorrer aos editais de RIVED, e outros através de convênio específico entre a SEED/MEC - Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação e a UFPB - Universidade Federal da Paraíba, como pode ser visto clicando sobre o botão Objetos de Aprendizagem (http://www.fisica.ufpb.br/~romero/).
    Esses objetos de aprendizagem foram produzidos com o enfoque na área da Física. O uso pelos alunos permitem relacionar os conhecimentos antigos com os novos, simular e aplicar as suas teorias, visualizar o contexto da atividade que estão aplicando, motivar e atrair o aluno devido a sua plataforma, explorar a música, os desenhos, gráficos e os jogos. As expressões, variáveis e operações e números da física, por exemplo, são encaradas como um exercício incluído na vivência do aluno, além do fato de que, o meio a ser usado como ferramenta faz parte de um ambiente que o aluno conhece melhor que o professor. Com isso, além de desenvolver a curiosidade e a capacidade de trabalhar o conhecimento cognitivo, o aluno tem condições de contribuir com a aula, oferecendo, ou novos conhecimentos, ou novas curiosidades, dentro dos assuntos selecionados dos objetos de aprendizagem.

    Quanto ao que se pode explorar na área interdisciplinar, apesar desses objetos de aprendizagem estarem focados na área da física, é possível abranger outras áreas em relacionamento com os assuntos a serem trabalhados em maior ou menor quantidade de disciplinas conforme o assunto a ser explorado. Para isso, ao selecionar um tipo de objeto de aprendizagem, para buscar a interdisciplinaridade é necessário identificar as possibilidades que as outras disciplinas se revelam no assunto do conteúdo, na atividade do objeto de aprendizagem e nas imagens construídas do objeto de aprendizagem. 

    Um exemplo, para ilustrar essa possibilidade, é o objeto de aprendizagem "lançamento de projéteis", conforme figura abaixo, em  que o seu objetivo é o de facilitar a compreensão da natureza vetorial do movimento bidimensional de corpos. Nele, é possível relacionar de forma interdisciplinar o uso da equação do segundo grau, ou os vetores envolvidos (Matemática), a descrição da construção do conhecimento (Português) e a formação da trajetória em parábola pelos vetores (Desenho Geométrico).

     Para que seja explorado a transdiciplinaridade no uso desse tipo de objetos de aprendizagem, é necessário que o professor levante as questões trabalhadas inferindo outras ferramentas pedagógicas que permitam um ambiente flexível, ou seja, ações dialógicas, meios midiáticos, ou até atividades de estudo preliminar pelo aluno. Para isso, não basta apenas o aluno construir a formação conceitual do conteúdo, mas, também e, principalmente, a iniciar a articulação dos seus conhecimentos em busca da reflexão de sua própria aquisição. Dentro dessa assertiva, a partir do objeto de aprendizado acima exemplificado, somado a outros objetos de aprendizado pode ser exemplificado por meio de uma atividade educacional com uma discussão em debate do conteúdo desenvolvendo: a influência desses assuntos nas ações do dia a dia, quais situações podem ser citadas como exemplo e aonde se insere esses assuntos com o foco nas ações humanas.  


   
  

quinta-feira, 28 de abril de 2011









     Quer testar os seus conhecimentos sobre a reforma ortográfica? Faça isso brincando! Clique no link abaixo:







terça-feira, 26 de abril de 2011

Comentários sobre a montagem de um vídeo com o movie maker



     Em uma das atividades da aula da Tecnologia de Informação e Comunicação foi proposto a montagem de um vídeo com o programa movie maker.

    Sem ter o conhecimento prévio de como funcionava o referente programa, ao começar a manuseá-lo, o mesmo mostrou ter uma interface bem amigável com qualquer usuário que tenha um conhecimento usual de informática.

    Em primeiro momento, antes de começar a mexer com o programa, foi necessário selecionar as fotos que seriam encaixadas no movie maker. Essa seleção já foi feita diretamente pelo movie maker que permite ir criando um "banco de dados" com as imagens que você for selecionando. Eu poderia ter também inserido algum filme, porém como eu já tinha a ideia de que ia apresentar as imagens de minha família numa sequência em poema, o filme não pareceu se encaixar dentro de uma certa sequência lógica.

    Logo após, inseri também a música que acompanharia as passagens das fotos. Houve um certo tempo de pesquisa também na seleção de qual música mais adequada para a ideia da apresentação do filmete.

    O próximo passo foi anexar as fotos do banco de dados do movie maker dentro da sequência mais adequada ao poema que seria colocado em legenda. Para isso, foi necessário colocar a foto e a legenda simultaneamente, com o fim de identificar a coerência e o impacto da foto com cada texto.

    Terminado essa etapa, a próxima foi a de criar os efeitos. Essa etapa foi a mais demorada, pois, por não conhecer todos os efeitos existentes no movie maker, tive que experimentar várias vezes a cada passagem de foto para foto. Nessa situação, ainda, optei colocar um efeito em cada passagem, buscando diversificar em diferentes efeitos para não ser algo monótono e para causar impacto na troca de fotos, conforme o conteúdo de cada frase do poema.

   Por fim, contei com dicas dos colegas para identificar como cortar o som, de forma que ele terminasse ao mesmo tempo em que terminava a exposição das fotos.

   Concluindo em análise, o trabalho foi bem gratificante, tanto pelo aprendizado obtido, assim como, pelo resultado que se obtém com essa atividade, sendo que recomendo a qualquer um que tenha a curiosidade de que se aventurar a  montar um vídeo também.

   Veja como ficou o trabalho final e me digam se gostaram:



  

Interdisciplinaridade: um avanço na educação

Em grandes grupos, em dupla ou até mesmo sozinho é possível integrar diferentes matérias e levar os alunos a compreender plenamente os conteúdos curriculares.


Meire Cavalcante


     Há três anos, um apagão obrigou a população a racionar energia e o Brasil a buscar alternativas. A crise, mostrada à exaustão nos noticiários, passou a ser o centro das discussões nas salas de aula. Seis professoras do Colégio Santa Maria, de São Paulo, foram além e se reuniram em torno de um projeto interdisciplinar. Desde então, os alunos estudam fontes alternativas de energia, produzem aquecedores solares e ensinam a população a utilizá-los. O sucesso do projeto se explica principalmente porque os conteúdos de Ciências, Matemática, Geografia, Língua Portuguesa, História e Ensino Religioso foram colocados a serviço da resolução de um problema real, de forma integrada.

     Um ambiente de aprendizagem como o que se formou no Santa Maria também pode nascer em sua escola. Essa abordagem interdisciplinar só acontece quando os conteúdos das disciplinas se relacionam para a ampla compreensão de um tema estudado. "A relação entre as matérias é a base de tudo", afirma Luís Carlos de Menezes, professor da Universidade de São Paulo. Muita gente acha, porém, que basta falar sobre o mesmo assunto para trabalhar de forma interdisciplinar. "Isso é apenas multidisciplinaridade", esclarece o consultor em educação Ruy Berger, de Brasília (ver quadro). Ao utilizar os conhecimentos de outras áreas que não são de seu domínio, você pode encontrar dificuldades. Mas aprender com os colegas é uma das grandes vantagens dessa prática, que estimula a pesquisa, a curiosidade e a vontade de ir aos detalhes para entender que o mundo não é disciplinar.

  No Colégio Santa Maria, as professoras
Adelaide Schmidt, Neuza Bedoni Alves,
Marlene de Souza, Maria Aparecida Ferrão,
Heloísa Salvá e Aparecida Antonello unem
forças: fonte alternativa de energia
construída pelos alunos
Foto: Gustavo Lourenção



     A realidade é um banco de idéias

     O caminho mais seguro para fazer a relação entre as disciplinas é se basear em uma situação real. Os transportes ou as condições sanitárias do bairro, por exemplo, são temas que rendem desdobramentos em várias áreas. Isso não significa carga de trabalho além da prevista no currículo. A abordagem interdisciplinar permite que conteúdos que você daria de forma convencional, seguindo o livro didático, sejam ensinados e aplicados na prática — o que dá sentido ao estudo. Para que a dinâmica dê certo, planejamento e sistematização são fundamentais. Ainda mais se muitos professores vão participar. É preciso tempo para reuniões, em que se decide quando os conteúdos previstos serão dados para que uma disciplina auxilie a outra. Por exemplo: você leciona Ciências e vai falar sobre consumo de energia. Para realizar algumas atividades, é imprescindível as crianças conhecerem porcentagem, que será ensinada pelo professor de Matemática. Quando as disciplinas são usadas para a compreensão dos detalhes, os alunos percebem sua natureza e utilidade.

      Projetos interdisciplinares também pedem temas bem delimitados. Em vez de estudar a poluição, é preferível enfocar o rio que corta o bairro e recebe esgoto. A questão possibilita enfocar aspectos históricos, analisar a água e descobrir a verba municipal destinada ao saneamento. Quantas disciplinas podem ser exploradas? É possível que um caso assim seja trazido pela garotada. Convém não desperdiçar a oportunidade mesmo que você não se sinta à vontade para tratar do assunto. Não precisa se envergonhar por não saber muito sobre o tema. Mostre à classe como é interessante buscar o conhecimento. "A formação continuada do professor não se resume a realizar um curso atrás do outro, mas também ler diariamente sobre assuntos gerais", complementa Berger. Dessa maneira, ele aprende a aproveitar motes que surgem em sala e que tendem a ser produtivos se abordados de forma ampla.

     No livro Globalização e Interdisciplinaridade, o educador espanhol Jurjo Torres Santomé, da Universidade de La Coruña, afirma que a interdisciplinaridade dá significado ao conteúdo escolar. Ela rompe a divisão hermética das disciplinas. Se a sua escola não trabalha dessa maneira, experimente lançar a discussão em reuniões. Outra opção é deixar seu planejamento à disposição para que os colegas saibam que matéria você dará e em que momento. Assim, os interessados podem se organizar para agir em conjunto. A coordenação tem um papel mediador, sugerindo parcerias e provocando o diálogo. Esse tipo de trabalho pode até ser feito por apenas um professor. Mas, nesse caso, a equipe estaria perdendo uma ótima oportunidade de obter resultados mais significativos.

      Nesta reportagem, apresentamos três exemplos de projetos interdisciplinares. Além da experiência em grupo do Colégio Santa Maria, de São Paulo, você vai conhecer uma dupla de Goiânia que só tinha a hora do cafezinho para planejar um projeto conjunto e uma professora de Ribeirão Pires (SP) que, sozinha, recorreu aos conteúdos de outra disciplina para aumentar o interesse pelas aulas.


     Um grupo de mãos dadas para ensinar

     Quando o apagão de 2001 forçou milhões de brasileiros a reduzir o consumo de energia elétrica, a professora de Ciências Maria Lúcia Sanches Callegari, do Colégio Santa Maria, em São Paulo, fez uma proposta às 5ªs séries: construir um aquecedor solar (veja modelo didático). Logo a idéia despertou o interesse de outras cinco professoras. Todas se envolveram e, utilizando o horário reservado para o trabalho coletivo, montaram um projeto conjunto, que vem se repetindo anualmente. Para conciliar tantas disciplinas, o planejamento é feito logo no início das aulas. Dessa forma, os professores abordam conteúdos de seu currículo de acordo com as etapas da construção e da instalação do aquecedor.

      A professora de Geografia trabalhou o clima brasileiro e conceitos de orientação utilizando a bússola, para que todos localizassem o norte, direção para onde a placa do aquecedor deveria estar voltada ao ser instalada sobre as casas. A de Matemática pediu uma pesquisa sobre o consumo de energia dos eletrodomésticos e explorou conceitos de proporção ao calcular com a garotada o tamanho das placas solares de acordo com o volume das caixas d'água.

      Em História, foram resgatados os motivos econômicos que causaram a degradação do meio ambiente brasileiro. Nas aulas de Ciências, os estudantes pesquisaram as fontes de energia no país e quais alternativas apresentam menos impacto ambiental. Com a professora de Língua Portuguesa, eles bolaram questionários para entrevistar as famílias que receberiam o equipamento. O objetivo das aulas de Ensino Religioso foi orientar os estudantes no contato com a comunidade, para que eles compreendessem as razões das diferenças entre a realidade deles e a dos moradores de bairros carentes. "A idéia de doar os aparelhos para a população foi das próprias crianças", lembra a orientadora da 5ª série Ivani Anauate Ghattas.

       As avaliações também são formuladas de maneira interdisciplinar. Em História, por exemplo, os estudantes são desafiados a discorrer sobre o extrativismo predatório ocorrido no Brasil Colônia. Além disso, o objetivo é levá-los a associar os prejuízos ao meio ambiente que hoje ameaçam a qualidade de vida, conteúdos que, na teoria, fariam parte do programa de Ciências. Além de confirmarem que a fórmula tem sido vitoriosa no que se refere à aprendizagem da turma, as seis professoras contabilizam ganhos pessoais. "Temos aprendido sempre para colocar nosso conhecimento a serviço dos estudantes", afirma Maria Lúcia.
 


     Sem tempo, dupla se reúne na hora do café
     Um dos conteúdos de Ciências é o sistema respiratório. Nas 7ªs séries do Colégio Estadual Juvenal José Pedroso, em Goiânia, os esquemas mostrando o pulmão, a faringe e o nariz não estavam sendo suficientes para chamar a atenção dos alunos da professora Cleusa Silva Ribeiro. Uma parceria sugerida pela professora de Língua Portuguesa, Paula Rodrigues Garcia Ramos, deu um novo enfoque ao tema e às aulas. Na escola onde as duas lecionam, a interdisciplinaridade não é prática, até por falta de tempo. Cleusa e Paula dão aulas em mais de um período. "O jeito foi nos encontrarmos nos intervalos, nos corredores, na hora do café ou dar uma fugidinha de vez em quando até a sala da outra", conta Cleusa. A dupla sugeriu aos adolescentes que fizessem histórias em quadrinhos sobre o que estavam estudando nas aulas de Ciências. O pulmão e a laringe ganharam braços, pernas, olhos e bocas e tornaram-se personagens. "Trabalhamos as figuras de linguagem e estudamos estruturas de diálogo. Para elaborar o texto, eles tinham que dominar bem o conteúdo de Ciências. Deu certo", avalia Paula.

     O projeto tomou mais consistência quando os estudantes sugeriram abordar nos quadrinhos temas como os malefícios do cigarro ou da poluição. Para dar conta do recado, as professoras começaram a estudar com as turmas. Paula admite que pouco sabia sobre o assunto e acabou adquirindo conhecimentos importantes para ajudar nas tarefas. Para Cleusa, a experiência foi ainda mais positiva. "Alertei meu aluno sobre um erro de ortografia. Ele argumentou que a aula não era de Língua Portuguesa. Respondi que para um bom trabalho, de qualquer área, é preciso escrever corretamente." Com esse projeto a turma aprendeu como a língua está relacionada a Ciências. "Trabalhar assim é compreender um século de avanço na educação", defende Menezes.

      Sozinha, professora une Artes e Química 

      O interesse pela Química entre as classes do Ensino Médio da Escola Estadual João Roncon, em Ribeirão Pires (SP), era muito pequeno. Muitos jovens tinham dificuldades de interpretação e precisavam desenvolver o raciocínio lógico para acompanhar as aulas. "Para reverter a situação, fui buscar uma forma mais estimulante de ensinar", explica a professora Maria Clara Maia Ceolin. E foi na interdisciplinaridade que ela encontrou uma saída. "Pensei em algo lúdico e que envolvesse expressão. Nada melhor que a arte", diz Maria Clara.

      Seu objetivo era mostrar como a Química está presente nos materiais utilizados pelos artistas. Antes de dar início ao projeto, a professora tentou parcerias com professores de outras disciplinas. Nem as respostas negativas nem a falta de estrutura da escola fez com que ela desanimasse. Sem laboratório, ela e os alunos buscavam água de balde e levavam para a classe. "Não desisti e decidi fazer tudo sozinha."

     O planejamento incluía trabalhar com vários tipos de pigmento e estudar a evolução dos materiais. "No início, só usamos sulfite e vários tipos de carvão para desenhar", conta. Os jovens estudaram a composição do material e mais adiante a professora pediu uma pesquisa sobre a história da arte. Em uma linha do tempo, mostraram os pintores de diferentes movimentos e as técnicas e materiais utilizados desde a Antigüidade. A próxima etapa envolveu a releitura de obras utilizando tintas feitas pelos próprios adolescentes.

     Maria Clara consultou livros, fez pesquisas na internet, conseguiu gravuras de quadros famosos e lançou mão de disciplinas como História e Geografia para dar suas aulas. Além de assimilar o conteúdo previsto no planejamento de Química, os estudantes se envolveram nas aulas e ainda se descobriram artistas talentosos. Tudo isso entrou na avaliação.

     O sucesso foi tão grande que Maria Clara repetiu a experiência com as turmas de Ensino Fundamental e de suplência e deu oficinas na Diretoria de Ensino de Mauá (SP) para professores de Química. Com materiais simples e baratos e boa vontade, Maria Clara atingiu seu objetivo. "Acredito que abordar os conteúdos da minha disciplina com o apoio de outra área deu mais significado às aulas. O ideal seria os professores entenderem que projetos assim funcionam melhor se feitos em parceria."


     MULTI, INTER E TRANSDISCIPLINARIDADE 

     A multidisciplinaridade acontece quando um tema é abordado por diversas disciplinas sem uma relação direta entre elas. Se o objeto de estudo for o Cristo Redentor, por exemplo, a Geografia trabalhará a localização; as Ciências tratarão da vegetação local; as Artes mostrarão por quem a escultura foi feita e por que está ali. Mas as abordagens são específicas de cada disciplina e não há interligação.

    Na interdisciplinaridade, duas ou mais disciplinas relacionam seus conteúdos para aprofundar o conhecimento. Dessa forma, o professor de Geografia,ao falar da localização do Cristo, poderia utilizar um texto poético, assim como o de Ciências analisaria a história da ocupação da cidade para entender os impactos ambientais no entorno.

   A transdisciplinaridade é uma abordagem mais complexa, em que a divisão por disciplinas, hoje implantada nas escolas, deixa de existir. Essa prática somente será viável quando não houver mais a fragmentação do conhecimento.


Como ensinar relacionando disciplinas
• Parta de um problema de interesse geral e utilize as disciplinas como ferramentas para compreender detalhes.

• Como um professor especialista, você tem a função de um consultor da turma, tirando dúvidas relativas à sua disciplina.

• Inclua no planejamento idéias e sugestões dos alunos.

• Se você é especialista, não se intimide por entrar em área alheia.

• Pesquise com os estudantes.

• Faça um planejamento que leve em consideração quais conceitos podem ser explorados por outras disciplinas.

• Levante a discussão nas reuniões pedagógicas e apresente seu planejamento anual para quem quiser fazer parcerias.

• Recorra ao coordenador. Ele é peça-chave e percebe possibilidades de trabalho.

• Lembre-se de que a interdisciplinaridade não ocorre apenas em grandes projetos. É possível praticá-la entre dois professores ou até mesmo sozinho.


Quer saber mais?
Colégio Estadual Juvenal José Pedroso, R. 7, s/n, 74770-190, Goiânia, GO, tel. (62) 208-2857
Colégio Santa Maria, Av. Sargento Geraldo Santana, 901, 04674-225, São Paulo, SP, tel. (11) 5687-4122
Escola Estadual João Roncon, R. Guilhermino Roncon, 26, 09410-540, Ribeirão Pires, SP, tel. (11) 4827-4000
BIBLIOGRAFIA
Globalização e Interdisciplinaridade, Jurjo Torres Santomé, 275 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703 3444, 46 reais


Referência Bibliográfica:

Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade

     Com o intuito de facilitar o entendimento desses conceitos, fiz uma pesquisa e selecionei aquilo que me forneceu uma explicação mais elucidativa desses termos importantíssimos na educação atual.


Interdisciplinaridade

     O vídeo abaixo permite, além de identificar o conceito, oferecer um exemplo abrangente de várias disciplinas apresentando a interdisciplinaridade.



Transdisciplinaridade

     Discussão do conceito, com diversas ideias focando na ideia central do conceito e, em sequência, palestra da Prof Regina Migliori, consultora de Cultura da Paz da UNESCO e Presidente do Instituto Migliori,  oferecendo uma visão mais elaborada sobre a transdisciplinaridade.





 
    


Referências bibliográficas:
Vídeos postados no youtube

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Gerações X , Y e Z : é necessário compreendê-las para entender como elas influenciam na formação das competências

     Estou postando uma sequências de vídeos que fazem parte de um documentário que explicita bem a formação das gerações atuais, sendo que esse assunto, além de oferecer um conhecimento teórico das diferenças entre as pessoas, permite também entender as peculiaridades das pessoas entre si para a posterior análise do interrelacionamento.

     Para quem está estudando competências, visando um TCC, este assunto é de teor relevante, segundo o meu ponto de vista.

GERAÇÕES

     Abordagem da compreensão da formação das gerações atuais.



 
CONFLITO ENTRE AS GERAÇÕES

     Exposição das diferenças das gerações, apontando vantagens e desvantagens e como essas diferenças identificam o conflito entre as pessoas das diferentes gerações. Neste vídeo, é feito uma menção sobre a competência como o fator que valoriza as gerações mais novas.




GERAÇÃO Y

     Desafios das empresas para trazerem os talentos da geração Y e o seu interrelacionamento com as outras gerações.



 
GERAÇÃO Y - Gerenciamentos em uma nova ordem 

      Empresas de sucesso criadas e chefiadas por jovens da geração Y. Quebra de paradigmas, de hierarquias, enfim, uma nova forma de entender as rotinas de trabalho. No final do vídeo, é feito uma pequena abordagem sobre a preocupação de como atender a educação para essas novas gerações.





GERAÇÃO Z - A nova geração

     Você acha complicado entender essas diferenças entre as gerações? Então te prepare para a geração Z: uma nova compreensão do novo cidadão que está para aparecer no mercado de trabalho. Para quem vai atuar como educador do Ensino Fundamental e Ensino Médio tem que, necessariamente, conhecer as características dessa geração!




Referências bibliográficas:
- Reportagens do Jornal da Globo postados no youtube em 17 Nov 2010:




quinta-feira, 21 de abril de 2011

A realização do Curso de Coordenação Pedagógica no Centro de Estudos de Pessoal (CEP) - Rio de Janeiro - Motivação e expectativas

     Desde o início e durante a construção de minha profissão como educador militar, percebi que nas atividades relacionadas ao ensino-aprendizagem, a “montagem” da estrutura sistêmica de uma instrução ou de uma aula envolvia muito mais que apenas um simples “transmissão” de conteúdo. Na medida em que identificava a necessidade de otimizar as ações de ensino e de obter a efetiva aprendizagem pelo aluno, percebia o quanto era necessário ao instrutor e ao docente entender e dominar a compreensão das ações pedagógicas nas suas mais diversas concepções teóricas e práticas.

     Além dessa percepção, verifiquei que o ambiente, a cultura regional, os aspectos sociais, a família, as mudanças tecnológicas, dentre outros diversos elementos, somavam o desafio de educar. Pois, apesar de não serem aspectos desconhecidos e nem novos para o educador, eles inferiam uma necessidade de que o educador estivesse em renovação contínua com as ações pedagógicas dentro de sua realidade e de seus objetivos profissionais.

      Com isso, a minha motivação em estar realizando o Curso de Coordenação Pedagógica no Centro de Estudos de Pessoal do Exército Brasileiro veio pelo fato de que esse Curso vai ao encontro de meu desejo de “alimentar” o meu embasamento pedagógico nas soluções e ações vindouras com conhecimentos básicos e das mais variadas linhas de pensamento. Assim como, a minha motivação vem também da competência a ser adquirida com esse Curso, o que me permitirá contribuir, não apenas para com o discente, mas, também, e principalmente, para com o docente.

     Após terminar esse Curso, tenho como expectativa para a ocasião em que estiver servindo em um dos estabelecimentos de ensino do Exército Brasileiro, a de aplicar ações pedagógicas dentro dos conhecimentos adquiridos e construídos, buscando melhorar a excelência nas atividades, assim como permitindo, no "bojo" da perspectiva da transformação do EB, lançar inovações e melhoramentos nas suas rotinas educacionais.