sábado, 14 de maio de 2011

Norma culta ou ação oculta: novos livros do MEC


      No rol dos diversos assuntos de calamidade da educação brasileira acrescenta-se o mais novo: livros do MEC agora usam uma didática focada nos erros de português.

      Parece que a cada dia identifico aspectos da estrutura da educação oferecendo sinais de que ela não só está mal, mas que o seu nível de qualidade decai a cada fase do tempo.

      Dentro da ideia que escrever é "pensar duas vezes", identifico que ler um escrito é "fazer pensar duas vezes". Bom, até aqui tudo bem. Mas o fato é que o estudante só pode pensar de forma construtiva, ou com o poder de abstração, se ele já tiver o seu conhecimento de conceitos solidificados. E dai vem a minha pergunta: "Como o aluno vai ter uma boa interação na aprendizagem se o livro lhe oferece normatizações e não normatizações para aprender? Ou seja, o certo e o errado tudo junto?" O errado é a construção própria do educando enquanto identificação do conceito, ou seja, apresentar o errado é um sinal para ensinar o errado!

      Uma resposta para esse questionamento seria dizer que o professor, enquanto mediador da aprendizagem, é o solucionador de qualquer dúvida. Bom, dai surgem outras perguntas: "O professor está com essa bola toda atualmente?" , "A Educação brasileira está tendo uma eficiente formação continuada para o professor suprir essa dita pedagogia diferencial?", "Esse novo livro surgiu para suprir a deficiência mais geral da educação pública?"

      Tantas ações que poderiam estar sendo implementadas e o MEC preferiu "inovar" em um meio auxiliar de aprendizagem (livro), que não apresentava problemas gerais e que, agora, no meu ver, vai ser mais um interferente na relação ensino-aprendizagem.

      Bom, leiam as publicações abaixo e tirem as suas próprias conclusões.


      Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado (Poder Online)

      Livro didático de língua portuguesa adotado pelo MEC (Ministério da Educação) ensina aluno do ensino fundamental a usar a “norma popular da língua portuguesa”.

      O volume Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, mostra ao aluno que não há necessidade de se seguir a norma culta para a regra da concordância. Os autores usam a frase “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” para exemplificar que, na variedade popular, só “o fato de haver a palavra os (plural) já indica que se trata de mais de um livro”. Em um outro exemplo, os autores mostram que não há nenhum problema em se falar “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”.

       Ao defender o uso da língua popular, os autores afirmam que as regras da norma culta não levam em consideração a chamada língua viva. E destacam em um dos trechos do livro: “Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para norma culta como padrão de correção de todas as formas lingüísticas”.

       E mais: segundo os autores, o estudante pode correr o risco “de ser vítima de preconceito linguístico” caso não use a norma culta. O livro da editora Global foi aprovado pelo MEC por meio do Programa Nacional do Livro Didático.

       Atualizado às 16h20: Em entrevista ao iG, uma das autoras do livro, a professora Heloísa Ramos, declarou que a intenção era deixar aluno à vontade por conhecer apenas a linguagem popular e não ensinar errado.


      Livro distribuído pelo MEC defende errar concordância (Folha.Com)

(livro usado pelo MEC)

      Um livro didático para jovens e adultos distribuído pelo MEC a 4.236 escolas do país reacendeu a discussão sobre como registrar as diferenças entre o discurso oral e o escrito sem resvalar em preconceito, mas ensinando a norma culta da língua.

       Um capítulo do livro "Por uma Vida Melhor", da ONG Ação Educativa, uma das mais respeitadas na área, diz que, na variedade linguística popular, pode-se dizer "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado".

      Em sua página 15, o texto afirma, conforme revelou o site IG: "Você pode estar se perguntando: 'Mas eu posso falar os livro?'. Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico".

     Segundo o MEC, o livro está em acordo com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) --normas a serem seguidas por todas as escolas e livros didáticos.

      "A escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma 'certa' de falar, a que parece com a escrita; e o de que a escrita é o espelho da fala", afirma o texto dos PCNs.

     "Essas duas crenças produziram uma prática de mutilação cultural que, além de desvalorizar a forma de falar do aluno, denota desconhecimento de que a escrita de uma língua não corresponde inteiramente a nenhum de seus dialetos", continua.
Heloísa Ramos, uma das autoras do livro, disse que a citação polêmica está num capítulo que descreve as diferenças entre escrever e falar, mas que a coleção não ignora que "cabe à escola ensinar as convenções ortográficas e as características da variedade linguística de prestígio".

      O linguista Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, critica os PCNs.
"Há uma confusão entre o que se espera da pesquisa de um cientista e a tarefa de um professor. Se o professor diz que o aluno pode continuar falando 'nós vai' porque isso não está errado, então esse é o pior tipo de pedagogia, a da mesmice cultural", diz.

     "Se um indivíduo vai para a escola, é porque busca ascensão social. E isso demanda da escola que lhe ensine novas formas de pensar, agir e falar", continua Bechara.

     Pasquale Cipro Neto, colunista da Folha, alerta para o risco de exageros. "Uma coisa é manifestar preconceito contra quem quer que seja por causa da expressão que ela usa. Mas isso não quer dizer que qualquer variedade da língua é adequada a qualquer situação."


      Material e portal do MEC têm erros de ortografia (Folha.Com)

      REYNALDO TUROLLO JR.
      COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

      Em página que dá acesso à coleção de livros Explorando o Ensino, voltada para professores da educação básica, o portal do Ministério da Educação na internet grafava, até esta segunda-feira (18), o nome da disciplina "lingua portuguêsa" sem acento agudo em "língua" e com um acento inexistente em "portuguesa". O MEC corrigiu à tarde a grafia das palavras, depois de ser procurado pela reportagem.

     Na capa do livro de língua portuguesa, disponível para download no portal, a palavra "lingua" também aparecia sem acento. O arquivo foi tirado do ar momentaneamente e voltou a estar disponível hoje, com a ortografia correta na capa, informou a assessoria do ministério.

     O MEC não quis divulgar quem são os responsáveis pelo conteúdo do portal, nem desde quando o erro estava no ar. A assessoria limitou-se a dizer que "o portal está em constante processo de atualização e revisão".

      O órgão também não respondeu se os livros com o erro na capa foram impressos. No próprio portal, porém, um texto diz que o material deve chegar a todas as escolas da rede pública do país no início do segundo semestre. O ministério não informou se vai ter de refazer as capas.

      PADRONIZAÇÃO

      Para o professor Pasquale Cipro Neto, a gravidade de erros de ortografia "depende do território em que eles estão". "É desejável que, em documentos oficiais, a grafia seja a oficial, se não vira bagunça", diz. A questão, para ele, é de padronização.

      "Mário de Andrade dizia que não tinha nada contra 'jente' com 'j', desde que todos escrevessem assim", brinca.

      A palavra "portuguesa" perdeu o acento circunflexo no acordo ortográfico que entrou em vigor em 18 de dezembro de 1971. Segundo o professor, no entanto, a mudança parece não ter sido "totalmente absorvida".

     "Eu comparo as mudanças ortográficas a garrafas pet. Elas levam centenas de anos para serem absorvidas pela natureza." As últimas mudanças na ortografia da língua portuguesa foram implantadas no Brasil por um acordo regulamentado em 29 de setembro de 2008, e passaram a valer em 1º de janeiro de 2009.

       O revisor Leonardo Fatore diz que erros de ortografia não devem ser minimizados. Ele trabalhou como examinador de concursos públicos em São Paulo e afirma que, em geral, um terço da nota da redação de um candidato depende da ortografia. "Os erros são contados numericamente. Um erro de ortografia numa redação tem o mesmo peso de um erro de concordância, por exemplo."

      A assessoria do MEC não quis informar o peso da ortografia na prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

      Não foi a primeira vez que documentos do ministério apresentaram erros dessa natureza. Na última edição do exame, o cartão de confirmação de inscrição trazia, na seção "informações importantes", a palavra "extrangeiros" grafada com "x".



Referência Bibliográfica:

http://colunistas.ig.com.br/poderonline/2011/05/12/livro-usado-pelo-mec-ensina-aluno-a-falar-errado/ em 12 de maio de 2011;

http://www.correiodoestado.com.br/noticias/livro-distribuido-pelo-mec-defende-errar-concordancia_110672/ em 14 de maio de 2011;

http://www1.folha.uol.com.br/saber/904630-material-e-portal-do-mec-tem-erros-de-ortografia.shtml em 19 de maio de 2011.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Mensagem para refletir

Conta-se que um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades,
possuía alguns cavalos para ajudar no trabalho de sua fazenda.

Um dia, o capataz lhe trouxe a notícia que um de seus cavalos havia
caído num velho poço abandonado.

O buraco era muito fundo e seria difícil tirar o animal de lá. O
fazendeiro avaliou a situação e certificou-se de que o cavalo estava
vivo. Mas pela dificuldade e o alto custo para retirá-lo do fundo do
poço, decidiu que não valia a pena investir no resgate.

Chamou o capataz e ordenou que sacrificasse o animal soterrando-o ali mesmo. O capataz chamou alguns empregados e orientou-os para que jogassem terra sobre o cavalo até que o encobrissem totalmente e o poço não oferecesse mais perigo aos outros animais.

No entanto, na medida que a terra caía sobre seu dorso, o cavalo se sacudia e a derrubava no chão e ia pisando sobre ela.

Logo os homens perceberam que o animal não se deixava soterrar, mas, ao contrário, estava subindo à medida que a terra caía, até que , finalmente, conseguiu sair...".

Muitas vezes nós nos sentimos como se estivéssemos no fundo do poço
e, de quebra, ainda temos a impressão de que estão tentando nos
soterrar para sempre. É como se o mundo jogasse sobre nós a terra da
incompreensão, da falta de oportunidade, da desvalorização, do
desprezo e da indiferença. Nesses momentos difíceis, é importante que
lembremos da lição profunda da história do cavalo e façamos a nossa
parte para sair da dificuldade.

Afinal, se permitimos chegar ao fundo do poço, só nos restam duas
opções:

Ou nos servimos dele como ponto de apoio para o impulso que nos
levará ao topo; - Ou nos deixamos ficar ali até que a morte nos
encontre. É importante que, se estamos nos sentindo soterrar,
sacudamos a terra e a aproveitemos para subir.
Ademais, em todas as situações difíceis que enfrentamos na vida,
temos o apoio incondicional de Deus, do qual podemos nos aproximar
através da oração.

terça-feira, 3 de maio de 2011

OBJETOS DE APRENDIZAGEM


     Na educação tradicional, livros, apostilas, transparências, revistas, CDs, slides, dentre outros são meios auxiliares de ensino que auxiliam no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, oferecendo ao aluno elementos de apoio na sua construção do seu conhecimento.

    Já na educação focada em tecnologias interativas, novas mídias surgem, diferenciando-se dos meios tradicionais e oferecendo novas opções ao professor. Dentro dessas tecnologias, os objetos de aprendizagem aparecem como elementos interessantes nas aplicações educacionais. De acordo com o Learning Objects Metadata Workgroup, objetos de aprendizagem (Learning Objects) podem ser definidos por "qualquer entidade, digital ou não digital, que possa ser utilizada, reutilizada ou referenciada durante o aprendizado suportado por tecnologias".



Objetos de aprendizagem elaborados e construídos pelo
NOA - Núcleo de Construção de Objetos de Aprendizagem

       O Núcleo de Construção de Objetos de Aprendizagem faz parte da Universidade Federal da Paraíba, sendo que parte desses objetos foram construídos para concorrer aos editais do PAPED, para concorrer aos editais de RIVED, e outros através de convênio específico entre a SEED/MEC - Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação e a UFPB - Universidade Federal da Paraíba, como pode ser visto clicando sobre o botão Objetos de Aprendizagem (http://www.fisica.ufpb.br/~romero/).
    Esses objetos de aprendizagem foram produzidos com o enfoque na área da Física. O uso pelos alunos permitem relacionar os conhecimentos antigos com os novos, simular e aplicar as suas teorias, visualizar o contexto da atividade que estão aplicando, motivar e atrair o aluno devido a sua plataforma, explorar a música, os desenhos, gráficos e os jogos. As expressões, variáveis e operações e números da física, por exemplo, são encaradas como um exercício incluído na vivência do aluno, além do fato de que, o meio a ser usado como ferramenta faz parte de um ambiente que o aluno conhece melhor que o professor. Com isso, além de desenvolver a curiosidade e a capacidade de trabalhar o conhecimento cognitivo, o aluno tem condições de contribuir com a aula, oferecendo, ou novos conhecimentos, ou novas curiosidades, dentro dos assuntos selecionados dos objetos de aprendizagem.

    Quanto ao que se pode explorar na área interdisciplinar, apesar desses objetos de aprendizagem estarem focados na área da física, é possível abranger outras áreas em relacionamento com os assuntos a serem trabalhados em maior ou menor quantidade de disciplinas conforme o assunto a ser explorado. Para isso, ao selecionar um tipo de objeto de aprendizagem, para buscar a interdisciplinaridade é necessário identificar as possibilidades que as outras disciplinas se revelam no assunto do conteúdo, na atividade do objeto de aprendizagem e nas imagens construídas do objeto de aprendizagem. 

    Um exemplo, para ilustrar essa possibilidade, é o objeto de aprendizagem "lançamento de projéteis", conforme figura abaixo, em  que o seu objetivo é o de facilitar a compreensão da natureza vetorial do movimento bidimensional de corpos. Nele, é possível relacionar de forma interdisciplinar o uso da equação do segundo grau, ou os vetores envolvidos (Matemática), a descrição da construção do conhecimento (Português) e a formação da trajetória em parábola pelos vetores (Desenho Geométrico).

     Para que seja explorado a transdiciplinaridade no uso desse tipo de objetos de aprendizagem, é necessário que o professor levante as questões trabalhadas inferindo outras ferramentas pedagógicas que permitam um ambiente flexível, ou seja, ações dialógicas, meios midiáticos, ou até atividades de estudo preliminar pelo aluno. Para isso, não basta apenas o aluno construir a formação conceitual do conteúdo, mas, também e, principalmente, a iniciar a articulação dos seus conhecimentos em busca da reflexão de sua própria aquisição. Dentro dessa assertiva, a partir do objeto de aprendizado acima exemplificado, somado a outros objetos de aprendizado pode ser exemplificado por meio de uma atividade educacional com uma discussão em debate do conteúdo desenvolvendo: a influência desses assuntos nas ações do dia a dia, quais situações podem ser citadas como exemplo e aonde se insere esses assuntos com o foco nas ações humanas.